Liberdade – Cecília Meireles.

Cecília

ATUALIZADO EM 06 DE OUTUBRO DE 2016

Queridos ouvintes, após nove anos no ar, a Rádio Poeta comemora trazendo uma nova interpretação para a crônica “Liberdade”, de Cecília Meireles. Para conferir a postagem completa, clique aqui.

Para ouvir a nova versão do Podcast, dê play abaixo:

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POSTAGEM ORIGINAL DE 2007

No segundo programa da Rádio Poeta damos espaço para a escritora carioca Cecília Meireles. Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 07/11/1901, apareceu no meio literário em 1919 com o livro de poemas Espectros. Morreu em 09/11/1964.

O conto narrado chama-se “Liberdade” do livro de contos “Escolha o seu sonho”

“Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade!”. Nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil!”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade! – abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos – brilhou no céu da Pátria…” – em certo instante.

Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.

Ser livre – como diria o famoso conselheiro… – é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo que partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho… Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autônomo e de teleguiado – é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Supondo que seja isso.)

Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.

Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sono das crianças deseja ir. (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso…).

Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!…) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!…

Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.

E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!…

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.

Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos – linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel…”

Para escutar o podcast aperte PLAY.

Músicas: Yann Tiersen – La Noyee Trilha de “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”

Download do Podcast em MP3

Narração/ Edição: Alan Villela

19 comentários sobre “Liberdade – Cecília Meireles.

  1. Liberdade.

    Liberdade é o mar que beija a areia,
    O céu livre em espaço triunfal
    A noite plena de estrelas, a lua derradeira,
    O dia imenso de luz, o toque divinal

    Liberdade é um sonho SEM FRONTEIRAS,
    Um coração que pulsa, vibrando de emoção
    Um amor intenso, rompendo barreiras,
    vencendo os limites do próprio coração.

    Liberdade é o amor que renuncia,
    Em benefício de um outro amor igual
    Um gesto simples que abafa o egoísmo,
    Apaga o ódio, perdoa todo o mal.

    Liberdade é enxergar além dos olhos,
    Olhar o mundo com total compreensão
    É ver a vida além da própria vida
    E libertar-se de si mesmo,
    Grilhão por grilhão!

    Eurídice Hespanhol

    Poema premiado no IV Festival do Sindicato dos Escritores do estado do Rio de Janeiro(SEERJ).

  2. adoramos as sua poesias esta que escreveu linda poesia voce é uma poeta de mãos cheias !!! parabéns

    por mim voce estaria viva querida cecilia

    durma em PAZ

  3. A maior poeta brasileira de que se tem notícia. A sua obra trata um tanto da alma humana, nela são reveladas tristezas e alegrias, como Se Cecília vivesse uma dedida mudança em seu humor, prevalencendo de forma inconteste de forma mais acentuada a tristeza, a solidão e a despedida.

    Um beijo

    Naeno Rocha

  4. A reportagem do “Observatório” intitulada ‘A Economia e a Poesia’ me fez lembrar desse texto da Cecília Meireles falando sobre ‘Liberdade’. Ambos fazem com que reflitamos sobre o real conceito de Liberdade e se esta existe de fato, associando ainda a ideia de democracia.

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